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sábado, 19 de novembro de 2011

Robô vai digitalizar os profetas de Congonhas em três dimensões

Trabalho com braço industrial da Comau será iniciado nesta segunda-feira

Aleijadinho usava formão, cinzel e martelo na madeira e na pedra sabão. Mais de 200 anos depois, a preservação de algumas de suas criações ganha um reforço até pouco tempo inimaginável: robôs. A partir desta segunda-feira, sete dos 12 profetas de Aleijadinho, no adro do Santuário de Nosso Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, começarão a ser digitalizados em 3D por um robô - na verdade um braço mecânico com uma câmera e um scanner digital na "garra", parte de um robô completo.
Inédito. Robô industrial (à esq.) vai percorrer toda a superfície dos profetas, por todos os ângulos, para gerar as imagens tridimensionais


A digitalização começou a ser feita, no início do ano, pelo Grupo Imago, da Universidade Federal do Paraná, autor de um sistema para reconstrução de objetos que vem recebendo reconhecimento internacional. Cinco esculturas passaram pelo processo, que era manual - feito com tripés e bancadas, por exemplo.

Para as imagens maiores e de difícil acesso, o robô - até então usado na indústria automotiva e siderúrgica, por exemplo - vai entrar em ação. "O braço industrial se movimenta em todas as direções, e vai ficar em cima de um manipulador de carga que permite alcançar os 7m de altura da maior imagem", explica o engenheiro mecânico Paulo Nascimento, responsável pelo projeto na Comau, empresa dona do robô.

"O robô ganha tempo e e precisão, porque trabalha com décimos de milímetros", explica.
Pelo processo manual, a equipe levou uma noite inteira para escanear um só profeta, e filmado e digitalizado em 36 posições (tomadas) diferentes. Com o robô, a expectativa é processar duas imagens por noite, fazendo mais tomadas ou trocando a câmera atual por uma de maior resolução. A digitalização só é feita à noite porque precisa de iluminação constante, a luz solar impede a realização.

A digitalização faz parte do projeto Memorial Congonhas - Centro de Estudos da Pedra e do Barroco, uma iniciativa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), implementado com a Prefeitura de Congonhas e a Unesco no Brasil.

Com a digitalização, essas imagens podem integrar um museu virtual, gerar cópias, mas a maior finalidade é garantir a preservação. "A gente pode acompanhar o desgaste que o profeta sofrer ao longo do tempo, fazer outra imagem daqui a meses ou anos, para comparar com as de agora", explica Nascimento.
Entenda o processo, na prática
1 - Um manipulador telescópico irá erguer o robô da Comau até a altura dos profetas.

2 - O robô, com scanner 3D laser e uma câmera de alta resolução na ponta, irá percorrer automaticamente toda a superfície das obras.

3 - Os dados coletados pelo equipamento são enviados a um laptop, que vai gerando em tempo real uma cópia digital em altíssima resolução das esculturas.

4 - A partir dessa imagem, os técnicos avaliam que outras tomadas serão necessárias.

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